segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Traição

O carro não parou, não sei se por sorte, ou por azar. Levantei-me e andei novamente até a mureta, a ideia de me jogar ainda estava viva na minha mente e agora mais do que nunca, depois de ouvir aquela voz tinha certeza de que era aquilo que eu queria.

Um clarão.

Um raio caiu a alguns metros de onde eu estava. O clarão iluminou a escuridão a minha frente e eu vi o carro dela se afastando com velocidade pela estrada no final da ponte.

Escuridão. Não sei o que havia acontecido, mas agora nem o rio a mureta a minha frente eu enxergava mais. Virei-me para ver o que havia acontecido e percebi que as luzes dos postes haviam apagado, acho eu que por causa do raio,

Aproveitei a escuridão e fechei os olhos, me sentei ali mesmo onde eu estava. Apesar de não querer recordar a força com que aquelas imagens apareciam em minha cabeça era surreal, e não conseguia mais evitá-las.

Lá estava ele, se agarrando a ela como se há muito tempo fizesse aquilo. A intimidade entre eles era inegável e a raiva subia a minha cabeça como nunca tinha acontecido antes.

- Ordem mudou de nome agora! Realmente eu fazia outro conceito dessa palavra. – Disse alto o suficiente para que eles pudessem me ouvir.

Na hora em que ouviram a minha voz pareceram congelar, algum tempo se passou e eles se desgrudaram, virando lentamente para mim. O choque em sua voz era notável e a expressão de vergonha em seu rosto era realmente de dar pena, mas a raiva dentro de mim era maior do que qualquer outro sentimento, e mesmo ela, que conhecia tudo sobre sensações e sentimentos e principalmente sabia como provocá-los, não conseguiria mudar o que eu estava sentindo naquele momento.

- Claus, você entendeu errado ele me agarrou a força, eu não tive culpa, eu te amo! Sempre te amei, foi o Deco que me agarrou. – Ela não iria conseguir, não daquela vez, mesmo com toda aquela dissimulação eu não me deixaria ser confundido, não mais.

- Eu sei...

- Graças a deus, e você não vai fazer nada? - Ela parecia confusa com a minha reação.

- Calma, eu não terminei, eu sei que você tá mentindo, que você sempre teve alguma coisa com ele, mas eu sei que você gosta de mim, eu sei que você sentiu e ainda sente uma duvida, não esperava por isso né? - Eu tinha certeza do que eu estava falando, eu acho que eu já comentei, mas eu tenho um certo dom de perceber o que as pessoas sentem, e perceber o que ela estava sentindo naquele momento era muito fácil – Se dependesse de mim essa duvida acabava agora, pois eu não quero nada com você, e sobre a culpa dele? Ele é o menos culpado de tudo aqui, não o cause de forma tão baixa Branca.

- Claus... – ele parecia agradecido, acho que estava com um certo medo de mim, sua voz era mansa, mas não demonstrava calma e sim nervosismo – Eu... Eu agradeço por...

Minha raiva extravasou naquele momento, como ele tinha a cara de pau de falar comigo novamente? eu sinceramente não sabia, eu teria vergonha de mim mesmo se fizesse algo como aquilo. Dei um soco na cara dele com toda a minha força, foi tão forte, mas tão forte que ele caiu no chão.

- E você Vern, nunca mais, ouviu bem, nunca mais fale uma palavra se quer comigo.

- Graças a deus amor, eu sabia que você ia entender que a culpa foi dele... – ela agarrou o meu braço, e uma sensação de nojo me veio instintivamente.

- Me solta! Você realmente acha que eu acredito nessas coisas que você fala. Eu to com nojo de você... Não... – Não queria mais ficar ali, aquela situação não estava me fazendo bem, eu não tinha nenhum motivo pra ficar ali, prorrogar aquela situação só pioraria o que eu estava sentindo, virei as costas e fui embora.

- Claus, não vai, por favor... Claus... – A voz dela foi morrendo na escuridão atrás de mim a medida que eu me afastava, mas aquilo não importava mais, eu não queria ouvi-la por um bom tempo.

Não fui pra casa, continuei andando pelas ruas da cidade sem rumo, tentando esquecer,mas sem conseguir, o único pensamento que vinha a minha cabeça era de que ela sempre fora amante dele, e que o idiota tinha acreditado na fidelidade dela, tinha chegado a brigar com minha irmã, minha maior amiga, minha conselheira, eu não podia acreditar no que eu tinha feito, eu estava com vergonha de mim, não pelo chifre que eu imaginava ter sofrido, mas sim por não ter dado ouvidos as pessoas que sempre estiveram ao meu lado, que realmente me amavam, e que só queriam o meu bem acima de tudo.

Demorei mais de uma hora pra voltar pra casa, quando cheguei minha mãe estava desesperada. Abri a porta da sala e logo que entrei vi minha mãe e meus irmãos sentados no sofá, angustiados. Minha mãe correu até onde eu estava e me abraçou me batendo, tudo ao mesmo tempo.

- Nunca mais faça isso com a gente! Ouviu bem, nunca mais! – Ela chorava e sorria ao mesmo tempo. – Você me deixou muito preocupada, eu não sabia onde você estava, com quem você estava, eu pensei um monte de besteiras.

- Desculpa Mãe, eu estava andando por ai, precisava pensar um pouco, relaxar a cabeça. Eu vou para o meu quarto ok?

Ninguém entendeu nada, eu virei as costas e subi, tinha certeza que carregava o peso dos olhos deles nas minhas costas, mas não me virei, precisava sair dali, não queria que ficassem me fazendo perguntas, muito menos brigando comigo.

Bati a porta com tanta força que minhas medalhas, que ficavam penduradas atrás dela, caíram no chão. Joguei-me na cama chorando, mas não um choro sem motivo, era um choro de dor, como se parte do meu coração tivesse sido tirado, como se um pedaço de mim estivesse faltando.

Eu chorei por algum tempo, ouvi uma batida na porta e tentei me recompor o mais rápido que eu pude. Não queria que soubessem que eu estava chorando e muito menos que me vissem com lagrimas nos olhos.

- Quem é? - perguntei

- Sou eu Claus, gabbi! – A voz dela não negava que ela estava realmente preocupada comigo.

- Pode entrar.

Ela entrou e veio andando até a minha cama, sentou-se ao meu lado e simplesmente me abraçou. Como ela sabia¿ Tudo que eu mais precisava naquele momento era daquilo, um abraço. Algo que me desse forças, que me mostrasse que eu não estava sozinho.

- Claus... Eu te amo.

As lágrimas escorreram dos meus olhos, não conseguia mais segurar minha emoção, elas rolaram pelo meu rosto e caiam na palma da mão da minha irmã. Eu me deitei no colo dela, e podia ter ficado horas sem falar nada, só recebendo o carinho que ela me dava naquele momento, depois de algum tempo ela falou.

- Claus, o que está acontecendo? Você parece que perdeu a alegria de viver. – Tinha tempo que agente não conversava como antes, e tudo por causa de alguém que não merecia mais consideração do que um desconhecido.

- Alegria de viver... Isso existe? Se existe eu sinceramente não sei onde encontrar. Sabe mana... Eu nunca achei que alguém fosse me fazer sofrer desse jeito, eu acho que gostei mais dela do que de mim mesmo, acho que isso me fez mal, ninguém pode viver a vida de outra pessoa. Eu esqueci de mim mesmo, esqueci tudo que eu gostava, esqueci da mamãe, do CH, e de você. – Se eu achava que estava chorando antes era porque eu ainda não tinha me visto agora, isso sim que era chorar.

- A gente nunca esquece quem nós realmente amamos Claus, podemos deixar um pouco de lado, tentar esquecer, se esforçar ao máximo pra isso, mas elas sempre vão estar dentro do nosso coração, e nos momentos mais difíceis, em que nós realmente precisarmos delas, serão elas que nos ajudaram brigas sempre acontecem, mas brigas passam, e o que fica é o que você tira de lição delas.

- Mana você não existe sabia? Eu achei que jamais você olharia pra minha cara novamente, achei que minhas palavras tivessem te marcado, me perdoa? Eu sei que você já me perdoou mas eu quero ouvir de novo, eu não acredito ainda.

- Claus é claro que eu te perdoou, acho que agora está na hora de eu ir dormir, amanhã eu tenho meu jogo e quero jogar muito bem como você jogou hoje, amanhã eu quero você lá torcendo pra mim. – ela me deu um sorriso, um sorriso lindo, que eu nunca tinha visto no rosto dela antes, saiu do meu quarto e apagou a luz.

No meio daquela escuridão eu fechei os olhos, e dormi, um sono profundo, pesado que eu não tinha a muito tempo, e junto dele veio um sonho um sonho lindo que eu não me lembro, a única coisa que eu sabia era que ele tinha me feito muito bem.

A noite passou voando e a manhã eu acordei com o assovio dos pássaros que estavam no parapeito da minha janela. Eu me levantei e fui no banheiro como sempre, depois de tomar meu banho desci e fui tomar café com a minha família.

- Claus, você está melhor? - perguntou minha mãe que parecia ainda estar muito preocupada com a minha situação.

- To sim mãe, ontem não foi nada não já passou, - eu não estava mentindo eu estava bem, não sabia por que, mas na sentia mais a mesma tristeza que sentia antes. – Mãe onde é que está a gabbi?

- Ela foi pro ginásio, é que passaram aqui pra avisar que o jogo delas foi trocado de horário e vai ser daqui a uma hora, ai ela teve que sair as presas pro ginásio.

- Ah sim, então eu vou tomar meu café e correr pra lá. – disse enfiando um pedaço de pão na boca. – eu quero sentar na frente, bem perto do banco de reservas dela.

Terminei de comer e fui correndo pro ginásio, ele ainda estava meio vazio, as pessoas não haviam sido informados de que o jogo tinha sido adiantado e um carrinho de som passava avisando pela cidade, então logo o ginásio estaria mais cheio do que nos jogos anteriores.

Eu estava certo, antes do aquecimento de rede começar não havia mais um lugar vazio no ginásio. O jogo começou animado e a seleção Pernambucana estava ganhando com muita dificuldade da seleção de Santa Catarina, foi então que eu me lembrei de um pedaço do sonho.

Abri os olhos novamente lá estava eu sentado naquela ponte como sempre, olhando a chuva e sem esperança de viver um cachorro vira lata se aproximou e encostou a cabeça em meu colo, eu acariciei e voltei a pensar na minha morte.



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Desculpa


Gente eu não consegui (e não estou com saco) pra mudar a letra, então desculpa.

Um comentário:

Gente comente o que voces acharam, eu sei que eu não escrevo muito bem, mas faz sua critica ai.