quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Olhando as estrelas

Eu não tinha o direito de fazer aquilo com ela, não podia jogar com os sentimentos de alguém daquela maneira. O que eu mais havia repugnado no que tinha acontecido comigo era o fato de eu achar que a Branca tinha brincado com o meu sentimento o tempo todo, e agora quem estava brincando com os sentimentos de alguém? Eu tinha me rebaixado a um nível que eu tinha certeza que não me faria bem.

Levantei-me novamente, mas não sabia se queria me matar. De repente algo estranho aconteceu, a ponte tremeu, mas não foi uma tremidinha fraca, foi algo mais parecido com um pedaço da ponte se soltando. Debrucei no parapeito da ponte para ver o que havia causado o tremor, e reparei que um pedaço da coluna central da ponte havia caído.

A ponte já não apresentava mais a mesma segurança de antes, mas que diferença isso fazia para alguém que estava prestes a se matar, o pior que podia ocorrer era a ponte desabar e me levar junto pela correnteza.

Senti mais um tremor. Um pouco mais leve que o anterior. Olhei no relógio. Achava que algum tempo deveria ter passado desde que a ultima vez que havia olhado, estava errado. Os ponteiros do relógio pareciam não girar, o tempo devia estar congelado, eram 22h02min com certeza algo inexplicável estava acontecendo naquele momento. Fechei os olhos querendo que tudo aquilo passasse logo.

A montanha atrás de nós havia presenciado uma cena da qual eu tinha vergonha de ter participado, a festa já estava começando e muitos dos jogadores que eu tinha enfrentado no campeonato estavam lá. Olhei pra um canto da praça e vi minha irmã com o mesmo garoto de alguns dias atrás.

Pedi um tempo a Helen e fui lá falar com eles, eu não era ciumento, mas queria saber com quem que minha irmã vinha se agarrando a algum tempo. Cheguei perto de onde estavam e esperei eles pararem de se beijar. Chamei a Gabbi, pedindo que ela viesse um segundo perto de mim. Quando ela chegou eu falei.

- Gabbi, do mesmo jeito que eu te conto as coisas queria que você confiasse mais em mim pra me contar também. – Eu não estava chateado, mas minha fala soou como se eu estivesse.

- Desculpa Clau – disse ela usando um apelido que a muito tempo não via ela usar. – É que como você estava cheio de problemas eu achei que você não ia gostar de ficar ouvindo eu falando da minha vida, desculpa tá ?

- Eu não estou chateado não, eu acho que eu falei do jeito errado, é que eu fico preocupado com quem você anda, mas volta lá pra ele que parece que não tá gostando nada de ser atrapalhado por um irmão ciumento. - Ela riu do meu comentário e se afastou, esperei ela chegar ao banco dei as costas e fui me encontrar com a Helen no meio da tenda.

A praça estava ornamentada com 5 tendas, três com um tipo de musica diferente e duas com barracas de comidas e bebidas. A tenda em que nós estávamos estava tocando muita musica eletrônica, eu sempre gostei desse estilo e dançava muito bem, e pelo que parecia a Helen também adorava estávamos dançando até que o restante do time dela chegou na tenda e vieram se juntar a nós. Pra ser sincero mais a ela do que a mim, ninguém nem me deu ao menos um oi.

Ficamos dançando, e reparei que a Branca não tirava o olho de mim, ela estava obcecada, aliais ela estava era enciumada de me ver beijando a Helen daquele jeito. Depois de algum tempo percebi que ninguém ali queria a minha companhia e chamei a Helen para sair da tenda.

- Suas amigas não gostam de nos ver juntos. Eu não quero ficar mais ali perto delas.

- Você está sendo sincero mesmo? Eu acho que você está é com medo de ter que ficar olhando pra Branca o tempo todo. – Se ela dissesse isso a alguns minutos antes, no alto do morro, talvez eu dissesse que sim, mas agora era diferente.

- Isso não é verdade, eu não estou com medo de olhar pra...

- Oi, como vão os dois pombinhos? - Era o Deco, eu não suportava a voz daquele mineiro arrogante, ao lado dele vinha Branca, que não me parecia nada feliz.

- Muito melhor do que vocês. – Eu não gostava dele, e não precisava fingir que gostava, ele sempre tinha um tom de superioridade na voz que deixava meus nervos a flor da pele.

- Nossa! O que aconteceu para você está tão feliz desse jeito? - Perguntou ela sendo irônica

- Eu sei que você está sendo irônica, mas eu tenho muitos motivos pra estar feliz, não é Helen? - Eu tinha que parar de tentar fazê-la sofrer, eu estava virando um monstro.

- Deco, vamos lá no banheiro comigo? - Pediu ela, acho que ela queria mesmo era sair de perto de mim.

- Helen vai lá com ela, minha perna está doendo, e eu não vou poder entrar no banheiro com ela né! – Eu não sabia o que ele queria, mas tinha certeza que iria descobrir. – Você acha legal ficar dando em cima da mulher dos outros?

- Do que você está falando? Eu não estou dando em cima de ninguém. – Aquele menino realmente só podia ser um retardado.

- Você acha que eu sou bobo moleque, eu sei muito bem que você fica dando em cima da Branca o tempo inteiro.

- Pra começar eu não to dando em cima de ninguém como eu já falei, e depois que moral que você tem pra falar de dar em cima da mulher dos outros? Que eu saiba quem fez isso foi você, e se você pode acho que os outros também podem, apesar de eu não está fazendo isso. – Aquele argumento deixaria ele sem palavras, pelo menos era isso que eu esperava de alguém que tivesse o mínimo de consciência.

- Olha só, quem você pensa que é pra falar assim comigo? Você não passa...

- Voltamos meninos, e parece que na hora certa não é? Mais um segundo e vocês teriam caído no braço. – Disse a Branca sorrindo. – Meninos...Sempre os mesmos. – Ela pegou o Vern pelo braço se despediu, virou as costas e tornou a entrar na tenda, me deixando sozinho com a Helen.

Algum tempo se passou e nada aconteceu entre nós, além de ela ficar passando a mão no meu cabelo enquanto eu ficava deitado no colo dela.

- Sabe Claus, acho que nós precisamos conversar... – disse ela quebrando o silêncio. – Isso que está acontecendo entre nós nunca vai dar certo, você morra a quilômetros de distância de mim, e eu acho melhor parar por aqui, antes que eu sofra muito quando tiver que ir embora.

- Mas... – eu não sabia o que dizer, eu não estava entendendo mais nada. Sentei-me no banco e olhei nos olhos dela. – Porque você mudou de opinião assim, de uma hora pra outra?

- Eu não sei, mas acho melhor para por aqui, antes que um de nós dois, ou até mesmo os dois, se machuquem. – Ela me deu um beijo, levantou e saiu pra se juntar com as amigas dela.

Fiquei sentado no banco por algum tempo sem saber o que fazer olhando as pessoas passarem. O tempo passou rápido e quando eu fui ver já estava quase na hora da festa acabar, e como eu tinha a final do campeonato na tarde seguinte não queria demorar muito pra chegar em casa.

Procurei a Gabbi com os olhos, e como não a encontrei, fui andando pra casa. Ela não tinha jogo no dia seguinte e eu não ia estragar a festa dela. No caminho decidi voltar à montanha que mais cedo eu tinha estado com a Helen.

Subi quase até o topo do morro, olhei pro céu e uma lagrima escorreu pelo meu olho. Deitei na grama que cobria toda a superfície e fiquei olhando as estrelas, a constelação de Taurus era uma das que eu mais gostava, ela era especial por algum motivo que eu desconhecia. Cochilei por alguns minutos e quando acordei fui correndo pra casa, desesperado pra saber as horas, o medo me consumia por dentro, se já fosse muito tarde minha mãe me mataria.

Cheguei em casa, e percebi que não tinha passado tanto tempo, e que a festa continuava do lado de fora. Subi as escadas, troquei de roupa e me deitei.



A ponte estava cada vez mais perigosa, a correnteza que estava cada vez mais forte não melhorava muito a situação. Um barulho muito forte. O pedaço da ponte que dava pra fora da cidade tinha acabado de desabar. Desesperei-me e sai correndo pra cidade. Aquilo me deixou muito confuso, se eu realmente queria morrer porque estava fugindo da morte ?




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desculpa a demora gente, e eu sei que o capitulo ficou pequeno, mas foi o que deu pra fazer...

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