sábado, 3 de julho de 2010

4 de Julho

Tão alto...
Pra quem tem medo de altura um metro já é o suficiente para que tudo comece a sair de foco, imagine como eu não estava me sentindo naquele momento, do alto daquela ponte.
Lá embaixo o rio corria rapidamente, uma forte chuva não parava de cair a mais de três dias, e a correnteza ficava mais forte a cada minuto, uma queda, sem a menor duvida, me levaria a morte, se não pela queda,morreria pela força da correnteza que me manteria em baixo d’água até o meu ultimo suspiro.
Tudo passava na minha cabeça naquele momento. Minha vida antes dela, minha vida depois dela, o que aconteceria dali em diante¿ Não fazia ideia...
Olhei para os lados, a ponte parecia deserta, apesar de a chuva atrapalhar um pouco a visão, não tinha nenhum sinal de movimento. Nenhum carro, nenhuma pessoa, animal ou o que fosse. Acho eu, que aquele momento eu deveria passar sozinho... Ouvi um barulho perto de mim, era meu relógio, marcava 22:00 horas do dia 4 de julho de 2010.
Essa data me trazia muitas lembranças...


Aquela era a oportunidade da minha vida, um campeonato brasileiro de vôlei na minha cidade, eu era da seleção pernambucana, caso eu jogasse bem poderia ir jogar em um estado que tivesse mais força no vôlei nacional.
Uma semana antes não se falava de outra coisa na minha cidade, todo mundo estava interessado no campeonato, lá em casa então... Minha irmã e meu irmão também jogavam vôlei, a Gabbi minha irmã gêmea era a libero da seleção feminina e assim como eu estava muito entusiasmada. CH meu irmão mais novo também jogava vôlei, mas como tinha apenas 13 anos não participava de seleção nenhuma ainda, mas acompanhava de perto a minha rotina de treinos, jogos, treinos e muito mais treinos.
A ideia de ganhar um campeonato brasileiro era só o que passava pela nossa cabeça, nada mais importava. De dia na aula o assunto entre eu e a Gabbi era somente esse, de tarde, depois do almoço, nós tínhamos que ir para o clube, onde estava sendo a concentração da seleção, para treinar, e a noite agente também treinava.
O tempo foi passando o campeonato foi ficando cada dia mais perto, e o nervosismo foi aumentando cada vez mais. Dois dias antes do campeonato todas as seleções já haviam chegado a minha cidade.
Foi no dia 4 de julho de 2009 que aconteceu... Era o dia da abertura do campeonato, e eu tive o meu ultimo treino antes do primeiro jogo, um treino de reconhecimento, apesar de treinar naquele ginásio a mais de seis anos, todas as seleções tinham direito a um treino
Quando eu estava saindo do treino para ir pra casa, esbarrei numa menina. Aliais menina não, Deusa. Ela era linda, meu mundo parou, não sei o que aconteceu, aqueles cabelos loiros, aqueles olhos de mel, e aquele sorriso, me tiraram do mundo, me hipnotizaram.
- Desculpa - foi a única coisa que eu consegui falar,
- Não tem problema não – disse ela e continuou andando como se nada tivesse acontecido.
A voz dela era a coisa mais linda do mundo, fez meu coração bater mais forte, minhas pernas tremerem. Eu me virei pra ver ela indo treinar, deixei pra lá tudo que eu tinha pra fazer, não tinha como não parar pra ver ela treinando, será que ninguém estava percebendo¿ Uma mulher daquelas andando por ali e ninguém aparecia pra olhar¿
Eu parei minha vida por uma hora, fiquei no ginásio, olhando o treino. Que seleção era aquela mesmo¿ Estava tão obcecado pela menina que eu nem me dei conta de que seleção estava treinando. Depois de um tempo percebi que a seleção era de minas, e isso não ajudava muito, já que Pernambuco e Minas tinham se tornado a maior rivalidade dos últimos anos.
Fiquei lá sentado pelo que me pareceram poucos minutos, e é claro que todas as meninas do time repararam na minha presença, e principalmente, o porquê dela. Eu não tirava o olho da mineira que tinha roubado meu coração, e ela ficava cada vez mais envergonhada.
Levei um susto quando alguém me cutucou, e disse:
- Ei garoto, ta fazendo o que aqui¿ - Era o técnico do time – Você ta atrapalhando o meu treino, se você quer conhecer as meninas elas vão sair hoje à noite, mas se puder nos dar licença pra treinar eu agradeceria.
- Não, não é isso não. – Eu disse muito envergonhado – Eu queria era ver o treino mesmo.
- Você acha que eu sou bobo moleque, você não tirou o olho da branca! – Falou o técnico rindo – Eu já tive a sua idade menino, sei como é, ela é bonita mesmo, e como eu fui com a sua cara, vou deixar elas saírem as 18 horas, se você for esperto aparece lá...
- Ta bom, obrigado. – Disse meio sem jeito – Mas posso continuar vendo o treino¿
- Eu acho melhor você ir embora, ta me atrapalhando um pouco – Pediu ele.
- Pode deixar, vou aparecer lá na praça mais tarde. Com certeza. – Disse isso e fui saindo do ginásio.
As palavras do técnico me deixaram com um pouco de vergonha, mas ao mesmo tempo elas me alegraram muito. Será que eu teria alguma chance com aquela menina, que aliais eu havia acabo de descobrir o nome, Branca.
- Ei! Garoto! – Gritou o técnico lá de longe – Qual seu nome¿
- Por que¿ - perguntei estranhando.
- A Branca perguntou. – explicou-se o técnico.
- Claus. – Respondi ainda sem acreditar. – Mas agora tenho que ir. Tchau! – Virei as costas e fui andando, mil coisas passaram na minha cabeça, desde o que eu falaria com ela, até “será que é um sonho”¿
Nunca, nem mesmo no momento em que eu me sentei na arquibancada daquele ginásio, eu imaginei que aquela menina fosse olhar pra mim, e agora ela havia perguntado até meu nome.


Como era estranha toda aquela situação, um filme havia passado na minha mente, e eu havia me lembrado dos mínimos detalhes, coisas que no momento eu tinha percebido. Foi como se eu estivesse sentado no cinema e visse um filme, um filme produzido, atuado, e principalmente dirigido por mim, um filme da vida real.
Ali de cima da ponte eu na fazia ideia de quanto tempo havia se passado. Olhei no relógio, levei um susto, não havia se passado sequer um minuto, ele marcava pouco mais do que 22:00 horas, poucos segundos, era impressionante como uma das melhores partes da minha vida tinha passado diante dos meus olhos em menos de 5 segundos.
A chuva não parava de cair, e disfarçava as lagrimas que rolavam no meu rosto e se uniam ao rio lá em baixo. Chuva, eu sempre gostei de dias chuvosos será que minha morte aconteceria justamente em um dia como aquele, pensava que a chuva lavava a alma, era o sinal do perdão de deus, não havia dia melhor pra morrer, meu corpo nunca seria achado naquele rio, meus parentes não sofreriam em meu enterro, e ninguém mais sentiria minha falta.
Um pingo d’água caiu no meu olho e eu o fechei...


Era a hora da abertura, todas as equipes estavam no ginásio, estava lotado, a cidade tinha parado pra ver os jogos de abertura, e é claro que Pernambuco tinha que jogar. Na hora da abertura, as seleções de Pernambuco e Minas ficaram lado a lado, e eu estava adorando aquilo, a Branca estava poucos metros a minha frente e eu não conseguia tirar o olho dela, se aquilo era amor, paixão, feitiço, desejo, eu não fazia a menor ideia, só sei que nada parecido havia me acontecido antes.
No fim da abertura começou o jogo entre as seleções de Pernambuco e Rio de Janeiro, eu jogava de saída de rede e estava muito ansioso, era o meu primeiro jogo pela seleção de Pernambuco em um campeonato brasileiro, e toda minha cidade estava ali naquele ginásio, e a minha mãe não parava de gritar, e aquilo não me ajudava muito.
Minha mãe sempre foi muito legal comigo e com meus irmãos, ela amava agente de verdade, mas a dona Denise era a pessoa mais escandalosa do mundo, não sei como ela conseguia, se tivesse uma caixa de som no ginásio, ela conseguiria falar mais alto que a caixa, mas mesmo assim eu amava ela, ela era minha mãe, não importava como ela era, só importava que ela nunca me abandonaria.
O jogo começou e ocorreu tudo como planejado, apesar da seleção do Rio ser muito boa, não tinha chance de ganhar do nosso time, foi um bom jogo mas sem muita pressão, ganhamos de três sets a zero, mas todos placares muito apertados. No fim dos jogos eu e meus companheiros de equipe fomos cumprimentar a torcida que por sinal era uma ótima torcida, muita mulher bonita e que sabia torcer, mas só uma me chama atenção.
Branca, esse nome não saia da minha mente, era como um bloco de granito destruindo todas minhas emoções, não me deixava pensar em outra coisa. Lá estava ela, lá no cantinho, com três meninas, mas eu não sabia o que fazer pra falar com ela, e agora eu também não podia, tinha que terminar de agradecer à torcida que tanto me ajudará.
Quando todos já estavam quase fora do ginásio ela desceu os degraus da arquibancada me encarando no olho, que olho lindo, podia passar o dia todo olhando que eu não sentiria a menor vontade de me mexer, ela estava indo e eu não conseguia me mexer pra falar com ela, foi quando uma das amigas dela me chamou.
- Claus ! – gritou ela fazendo sinal pra eu ir até onde elas estavam – Vem pra cá!
Minhas pernas tremeram, meu coração parou, mas eu não podia deixar aquela oportunidade passar, talvez eu nunca mais fosse vê-la. Fazendo muita força consegui me mexer e caminhei em direção a elas. Elas estavam dando risadinhas, e a Branca estava muito constrangida, e vermelha.
- Oi, você me chamou¿ - Perguntei como se não estivesse entendendo a situação.
- Você quer mais o que hein menino! Eu já te chamei aqui. Quer que eu faça você falar com ela também¿ - Ela parecia ser meio estressada, mas talvez fosse só a minha falta de atitude que tivesse deixando ela daquele jeito.
- Oi, er.... Branca, esse é seu nome não é¿ - perguntei sem saber o que dizer.
- É esse sim, e o seu é Claus, eu já sei! – disse ela que parecia estar muito envergonhada.
- Vocês jogam quando¿ - Falei tentando puxar assunto, mas é claro que uma pergunta imbecil como aquela não me levaria a Lugar nenhum.
- Nosso primeiro jogo é amanhã, às três horas. – Ela me pareceu mais calma à medida que a nossa conversa evoluiu, esse era um dom que eu tinha, conseguia perceber muitos sentimentos de outras pessoas.
Conversamos durante alguns minutos, mas o nosso relacionamento não evoluía. Eu era muito tímido pra essas coisas, e ela... Também me parecia ser. O tempo continuou passando e a Helen, aquela amiga estressada da Branca, não tinha melhorado muito de humor, ela só falatava me mandar beijar a Branca de uma vez.
- Sua amiga ta meio nervosa né!¿ - eu disse meio sem saber o que fazer.
- Ela é gente boa, é que ela achou que... a deixa pra lá. – Falou a Branca com vergonha de terminar a frase.
- Ela achou que eu já chegaria te beijando, não é¿! – Completei a frase que ela não teve coragem de dizer.
- Eu acho que sim...
-E você, gostaria que eu fizesse isso¿ - perguntei achando a brecha que eu queria.
- Não posso dizer que ia achar ruim, mas se você não quer... – Disse ela sem jeito.
- E quem foi que te disse que eu não quero...
Foi a melhor sensação da minha vida, nada de sinos tocando, ou aquela sensação de voar, simplesmente me senti beijando ela, e isso já era a melhor coisa do mundo pra mim, o gosto de morango que a boca dela tinha me fez muito bem, não queria que aquele momento parasse nunca.
- Pegador!!! – Sempre tem aquele que vem pra atrapalhar, e comigo não seria diferente, gritando atrás de mim vinha o sonso do meu amigo Matheus, na verdade ele não era sonso, mas naquele momento a maior vontade da minha vida foi da um soco na cara dele com toda força do mundo.
Com aquele imbecil gritando no meu ouvido não tinha jeito, a Branca não ia se sentir a vontade, e muito menos eu, ela se despediu de mim, chamou a Helen e foi embora, só consegui pegar o celular dela, e prometi ligar mais tarde.
- Qual o seu problema hein¿! – Empurrei o Matheus com toda minha força – Não viu que tava atrapalhando não é¿ Eu fico um tempão conversando com a menina e você estraga tudo em menos de dez segundos, da próxima vez vê se pensa antes de fazer alguma coisa!
Sai andando sem nem ouvir as desculpas que ele tinha pra me dar. Ainda sentia aquele gostou na boca, morango, mas não um morango qualquer, era o morango que eu nunca esqueceria que eu queria mais e mais.
Fui pra casa querendo que o dia passasse logo e chegasse de noite pra eu poder sair, mas nada é tão fácil assim, e a minha vontade é claro, também não foi aceita pelo tempo.


Um trovão me despertou do meu transe, o céu ficou claro, a noite virou dia e eu vi perfeitamente o contorno das montanhas atrás do rio. A chuva ainda caia e aumentava cada vez mais, nada que me preocupasse muito.
De novo olhei no relógio e novamente me vi assustado, o tempo realmente não passava, o melhor momento da minha vida Havia acontecido em cinco segundos, como aquilo era possível. Não fazia ideia de como explicar, mas aquelas lembranças não me faziam tão mal como eu achei que fossem fazer, eu evitava elas a algum tempo, mas naquele momento elas tiravam da minhas costas um peso que eu sentia a um bom tempo.

4 comentários:

  1. Lucas..
    O Livro ficou Perfeito.
    Mais Perfeito do que eu imaginei.
    Bem, o livro tem um começo muito bom, tá muito legal. Quero muito saber a continuação.
    E Detalhe pro CH lá kkk.
    Parabéns Lucas, ficou muito bom mesmo.

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  2. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH.. tá liiiindo, sério eu to amando *.* ai meu Deus, continua eu quero saber o que acontece a noite u.u -q

    nossa, concordo com o Alison, mais perfeito do que eu imaginei *.*
    tá tão, tão, tão, não sei explicar, mas ta tão legal, eu to anciosa pelo segundo capítulo já *O*
    Parabéns Luk, tá incrível! :)

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  3. Brigado gente, só voces para gostarem mesmo né, oaksksoakos,

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  4. Uiiiiiiaaaaaaaaaa akela Denise ali sou eu *+* que fofo filhooo amei sua históriaa to querendo ver o segundo capitulo tm *-* muito bom msm

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Gente comente o que voces acharam, eu sei que eu não escrevo muito bem, mas faz sua critica ai.